5 de novembro de 2010

Aprendendo cartografia básica

Mapas, cartas e plantas.


Geralmente, mapas e cartas são representações gráficas de uma área suficientemente extensa para que a curvatura da Terra não possa ser desprezada. Ou seja, a diferença entre eles é estabelecida em função da escala em que estes mapas foram construídos, pois, cada um deste é uma representação da superfície terrestre com pouca riqueza de detalhes, como é o caso do mapa e conseqüentemente com um número de detalhes bem maior nas plantas.

Contudo, não há uma distinção precisa entre estas palavras, havendo mais uma proposta para defini-las, mas, apresentamos aqui o adotado pelos principais órgãos cartográficos oficiais, saber a FIBGE e a DSG.

1.1 O mapa: é uma representação gráfica em geral numa superfície plana e em determinada escala, com representação de acidentes físicos e culturais da superfície da terra.

Características dos mapas:
- Representação plana;
- Geralmente contém poucos detalhes;
- Área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc).
- Destinado a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.
Ex: Mapas do Brasil, mapa da Região Norte, mapas das bacias, mapas dos planaltos, mapas das chapadas, etc.
Figura 1 – Mapa da Região Norte.
Fonte: www.redebrasileira.com/mapas/regioes/norte.asp

1.2 A carta: é uma representação dos aspectos naturais e artificiais da terra, destinada a fins práticos de atividades humanas, permitindo a avaliação de distâncias, direções e a localização plena, geralmente em média ou grande escala, de uma superfície da terra, subdivididas em
 

folhas (cartas) sistemáticas obedecendo a um plano.

Características das cartas:

- Representação plana;
- Desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemáticas;
- Destinada à avaliação precisa de direções, distâncias e localizações de pontos, áreas e detalhes.
Ex: cartas do Estado do Pará de 1:1000.000



Figura 2 – Carta cartográfica.

1.3 A planta: entende-se como sendo uma representação aérea pequena, nas quais a curvatura da terra não precisa ser considerada, onde é grande e, portanto, facilita o número e a clareza dos detalhes representados.

Característica da planta:

- Normalmente as plantas são cadastrais ou topográficas;
- Não se utiliza projeção cartográfica em sua confecção.
Ex: Plantas cadastrais ou topográficas.

Figura 3 – Planta da cidade Poço da Panela
Fonte: revistaurbanismo.uchile.cl/CDA/urb_simple/0,1...



2. A leitura de mapas.

Ler mapas significa dominar o sistema de linguagem cartográfica. Não é apenas localizar um elemento cartográfico ou qualquer fenômeno. Os mapas representam partes ou todo o mundo. Com eles podemos enxergar aspectos do mundo que não conseguiríamos ver pela nossa experiência direta.

Segundo Almeida (1991), ler um mapa não é apenas localizar um rio, uma cidade, estrada ou qualquer outro fenômeno. É um processo que começa com a decodificação que envolve algumas etapas metodológicas as quais devem ser respeitadas para que a leitura seja eficaz, ALMEIDA e PASSINI (1991).

São várias a formas metodológicas empregadas para o começo da decodificação dos mapas. Contudo, estabelecemos um processo com quatro momentos, propostos pela professora Rosâgela Doin de Almeida, que servirão de base para uma interpretação, compreensão e leitura eficazes dos mapas.

2.1 Os diferentes momentos com o mapa:

Os 4 momentos servirão de base para uma interpretação, compreensão e leitura eficazes dos mapas. O mapa topográfico de Santo Antônio do Tauá, na escala de 1/100.000,  proporcionará identificar e entender os 4 momentos  de interpretação, compreensão e leitura eficaz do mapa. 
 
Figura 4: Mapa Santo Antônio do Tauá.
Fonte: IBGE, 1981


2.2 Os quatros Momentos com o Mapa.

1º Momento – Compreensão do título e a legenda.
2º Momento – Entendimento das escalas.
3º Momento – Observação atenta do mapa a fim de criar uma setorização para a decodificação /descrição.
4º Momento – Decodificação do mapa.

As informações contidas nos mapas são transmitidas através de uma linguagem que utiliza um sistema de signos (legendas), redução (escala) e Projeção. Ler significa decodificar e, portanto, representar mentalmente sua mensagem (CASTROGIOVANNI, 1998, p.34).

1º Momento:

A leitura de um mapa se inicia na identificação do lugar e do tema representado, que é compreendido pelo título e da legenda ou convenções cartográficas. Segundo (Castrogiovanni, 1998. p34), a compreensão do título é o primeiro passo. Tem-se que saber o espaço representado, seus espaços e limites, suas informações. O Título identificará o espaço representado.


Figura 5 – Título de mapa IBGE
Fonte: IBGE, 1981

A legenda é fundamental, pois irá proporcionar a decodificação, relacionamento os significantes (símbolos) e os significados (mensagem) dos signos representados. É necessário uma leitura atenta dos significantes (símbolos)/significados (mensagem) espalhados no mapa e a reflexão sobre a distribuição e a organização de como são registrados (Castrogiovanni, 1998).

A Legenda também pode ser denominada de convenções cartográficas ou generalizações, mas, sua principal função é nos mostra o que as cores, símbolos, traços ou textura usados no mapa significam e dá outras informações sobre o tema que está representado.

Nos mapas há várias formas de organização de legendas. Os sinais gráficos que devem ser observados são as formas ou generalizações (tipos de desenhos ou traços), as cores (se são diferentes ou são tonalidades da mesma cor) e os tamanhos. Os sinais gráficos podem representar significados diferentes.

Na Legenda dos mapas em gerais existem sinais utilizados para representar Igrejas, Escolas, Campos de emergência e outros elementos. Existem também os elementos lineares como os das rodovias, ferrovias, estradas, os limites Estaduais e etc...

Nesta legenda, as vias de circulação variam nas formas (linhas contínuas, linhas tracejadas) e nas linhas com cores indicando informações diferentes (têm qualidades distintas)

Veja os exemplos a seguir:
Figura 6 – Legendas do mapa.
Fonte: IBGE, 1981.


2º Momento:
A escala é o segundo momento, pois, possibilita o cálculo das distâncias e, portanto, uma série de confrontações e interpretações. Através do conhecimento da escala você aprenderá a relação entre a medida na carta e sua correspondente no terreno.

O globo é uma miniatura da terra. Esta diminuição foi proporcionada pela escala, que indica a redução do real em relação á representação, mapa ou globo. Por exemplo, o globo na escala de 1: 30.000.000 (lê-se um para trinta milhões) é representação da terra trinta milhões vezes menor.

Ou seja, escala é a relação constante que existe entre as distâncias lineares medidas sobre o mapa e as distâncias lineares correspondentes, medidas sobre o terreno, (FERNAND, 1917).

Podemos encontrar mapas em escalas variadas. Quando maiores forem os números encontrados na escala, maior será a redução da Terra e, portanto, menos detalhes são mapeados.
Existem dois tipos de escalas presente em um mapa, a saber:

1. Escala numérica; e
2. Escala gráfica.

1. A escala numérica: é normalmente e expressa por uma fração cujo numerador é a medida no mapa (distância gráfica) e o denominador é a medida correspondente no terreno (distância real).

Ex: olhando um mapa você observa impresso à seguinte fração: 1/50.000 ou 1:50.000. Isso significa que representação do real esta no mapa representado cinqüenta mil vezes menor.

A escala é obtida pela fórmula: E= d /D
Onde:
E = escala
d = distância no mapa ou distância gráfica.

 = distância no terreno ou distância real.

Ex: se quisermos saber a distancia real, em linha reta, entre Rio Branco (Acre) e Cuiabá (Mato Grosso) precisamos:

1. Medir com uma régua comum a distância entre essas capitais: Encontraremos 4 cm.

2. Observar a escala: veremos que cada centímetro neste mapa equivale a 360 km.

3. Multiplicar 4 x 360 Km e obter 1.440 Km, que é a distância, em linha reta, entre Rio Branco e Cuiabá.



2.A escala gráfica: é um ábaco formado por uma linha graduada, dividida em partes iguais, cada uma delas representando a unidade de comprimento escolhida para o terreno ou um dos seus múltiplos.

Segundo Fernand (1917), ela é solidaria com o mapa, ela permite efetuar medidas diretas sem receio de perturbações que o papel poderia sofrer, nem dos aumentos ou reduções que o traçado original poderia suportar.

Este tipo de escala está presente em todos os mapas, nas cartas, graduado a partir de uma marca zero, que indica o valor das distâncias terrestres correspondentes no mapa. Esta graduação normalmente aparece em partes iguais, podendo ainda ter o primeiro intervalo subdividido em valores menores. Este tipo de escala é prático e rápido por possibilitar calcular a distância real diretamente na escala.


Figura 7 : Escala gráfica.
Fonte: Mapa IBGE, 1984

Ex: Na escala gráfica você apenas mede com a régua, com um pedaço de papel ou com um barbante à distância e compara com a escala impressa que esta dividida em partes iguais, geralmente no final da carta.


Essa operação possibilitará o calculo da distância entre os dois pontos selecionados.

Veja os exemplos a seguir:


3º Momento:


Observação atenta do mapa para que se possa entender a linguagem cartográfica, selecionar informações e busca nas generalizações e legendas, a fim de transpor o processo da representação para o espaço real, possibilitando a leitura do mapa.

4º Momento: Decodificação do mapa.

Decodificar é relacionar os significantes (símbolos) e os significados (mensagem) dos signos relacionados na legenda e nem sempre é tarefa fácil, pois, muitas das vezes não são claramente expressos e de difícil mensuração. Portanto, fazer a leitura é procurar refletir sobre distribuição e organização das situações, fatos e dados representados nos mapas.
 
Figura 10 - Relacionamento dos significantes e os significados.
Fonte: Adaptação Leonardo Sousa, (2010)

3. Diferença entre escala grande e escala pequena.

Estabelecer a diferença entre escala grande e escala pequena é determinar se o mapa ou carta mostram maiores ou menores detalhes da área representada.

Estes detalhes representados podem ser:

I. Naturais: elementos existentes na natureza como os rios, mares, lagos, montanhas, serras, etc.
II. Artificiais: elementos criados pelo ser humano como represas, estradas, pontes, etc.

Determinados detalhes, dependendo da escala, não permitem uma redução acentuada na representação, pois, ficariam imperceptíveis. No entanto, por sua importância, devem ser representados nos documentos cartográficos. Portanto a utilização de símbolos cartográficos permite representar de modo expressivo os diversos acidentes do terreno e objetos topográficos em geral.

Assim, o primeiro número é sempre 1 e o segundo número é diferente para cada escala. Quanto maior o

segundo número, menor a escala do mapa e quanto menor o segundo número maior será a escala.

Isso acontece porque quanto menor o segundo número menor é a área e maiores são os detalhe representada no mapa e quanto maior o segundo número maior é a área representada e menores são os detalhes no mapa.

Ex: uma escala de 1/5.000.000 e menor que uma escala de 1/5000, que é maior. Essa diferença e perceptível no detalhe que serão mais representados na carta de 1/5000.

Veja os exemplos a seguir:

Figura 11 – Diferença entre escalas.
Fonte: Elaboração própria.


Material complementar.
Para complementar seus estudos, visite o site:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/representacao.html

Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Rosângela Doin, PASSINI, Elza Yassuko. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989.
ALMEIDA, Rosângela Doin. Do desenho ao mapa. Iniciação Cartográfica na Escola. São Paulo: Contexto, 2001.
ALMEIDA, Rosângela Doin. Cartografia Escolar (Org.). São Paulo: contexto 2007.
JOLY, Fernando. A cartografia. Campinas, Papirus, 1990.


2 comentários:

  1. Olá amigo Leonardo.
    Seu post está muito bem explicado coisa difícil de se encontrar na net... parabéns mesmo pela iniciativa e pela clareza das informações!
    Nota 1000!
    Forte Abraço.
    Selva!

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  2. Olá Professor,
    o seu blog é muito bom. Parabéns.
    Sou professor de geografia e vou utilizá-lo e sugerí-los aos meus alunos.

    abraçõs

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Representações Cartográficas

Globo - representação esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade ilustrativa.

Mapa - representação plana, em escala pequena, delimitada por acidentes naturais ou políticos-administrativos, destinada a fins temáticos e culturais.

Cartas - representação plana, em escala média ou grande, com desdobramento em folhas articuladas sistematicamente, com limites de folhas constituídos por linhas convencionais, destinada a avaliação de distância e posições detalhadas.

Planta - tipo particular de carta, com área muito limitada e escala grande, com número de detalhes consequentemente maior.

Mosaiso - conjunto de fotos de determinada área, montadas técnica e artisticamente, como se o todo formasse uma só fotografia. Classifica-se como controlado, obtido apartir de fotografia aéreas submetidas a processos em que a imagem resultante corresponde à imagem tonada na foto, não controlado, preparado com o ajuste de detalhes de fotografia adjacentes, sem controle de termo ou correção de fotografia, sem preocupação com a precisão, ou ainda semicontrolado, montado combinando-se as duas características descritas.

Fotocarta - Mosaico controlado, com tratamento cartográfico.

Ortofotocarta - fotografia resultante da transformação de uma foto original, que é um perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um plano.

Ortofotomapa - conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região.

Fotoíndice - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. É o insumo necessário para controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas de método fotogramétrico.

Carta Imagem - imagem referênciada a partir de pontos identificáveis com coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção

Revista Geografia, Conhecimento Prático, n 23, p 54. ed. Escala