13 de outubro de 2011

Queimadas - Monitoramento de Focos


No Brasil a quase totalidade das queimadas é causada pelo homem e por razões muito variadas como: limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos, colheita manual de cana-de-açúcar, vandalismo, balões, disputas fundiárias, protestos sociais, e etc.

As queimadas destroem a fauna e flora, empobrecem o solo, reduzem a penetração de água no subsolo, e em muitos casos causam mortes, acidentes e perda de propriedades. Em nível regional, causam poluição atmosférica com prejuízos à saúde de milhões de pessoas e à aviação e transportes; elas também alteram, ou mesmo destroem ecossistemas. No global, as queimadas podem ser associadas às modificações da composição química da atmosfera, do clima do planeta.

“Pesquisas realizadas acerca deste tema têm demonstrado que além de impactos em pequena e meso escalas, a destruição destas florestas pode causar variações ambientais em escala global, correspondendo a um dos fatores que contribuem para a ocorrência de mudanças nos climas local, regional e mundial (FRANÇA, 2005).

José Bonifácio de Andrada e Silva resumiu na década de 80 que as razões para as queimadas e desmatamentos são: “ignorância, associada à preguiça e má fé”. e, hoje alguns estudiosos dizem que apenas temos que inverter a ordem dos motivos para: má fé, associada à preguiça e ignorância.

O ano de 2004, segundo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), foi o que apresentou maior número de queimadas, observando-se redução progressiva em 2005 e 2006. Essa redução progressiva está associada a uma necessidade de melhorar o entendimento e monitoramento das queimadas. Assim, a aplicação de técnicas de sensoriamento remoto tem se mostrado fundamental, na medida em que os bancos de dados gerados através do uso de satélites correspondem a uma importante fonte de informações sobre os focos de queimadas e dos diversos fenômenos que ocorrem na superfície terrestre.

Com o intuito de contribuir para a compreensão do sistema de queimadas no Brasil o monitoramento de queimadas por imagens de satélite tem se mostrado uma valiosa arma. Este tipo de monitoramento de queimadas é particularmente útil para regiões remotas sem meios intensivos de acompanhamento, condição esta que representa a situação geral do País.

Phulpin et al. (2002), mostraram que as imagens de satélite têm sido utilizadas para monitorar incêndios em vegetação tanto globalmente, para estudos climáticos, quanto regionalmente, para avaliação de impactos das queimadas. Ao mesmo tempo, os dados provenientes de satélites têm se mostrado de fundamental importância para alertar a população local e as autoridades competentes, durante os períodos de queimadas.

Esse monitoramento é possível porque alguns satélites utilizam sensores óticos, que operando na faixa termal-média de 4um, que detectam a existência de fogo na vegetação. Segundo, França, 2005, a faixa espectral do infravermelho próximo (de 0,7 a 1,3 µm) é a mais indicada para a identificação e mapeamento de cicatrizes feitas pelas queimadas, pois neste intervalo a vegetação possui alta reflectância, devido à predominância do espalhamento interno da radiação na folha, a qual é reduzida pela ocorrência de incêndios, havendo elevado contraste entre a vegetação queimada e a não queimada.

Contudo, estes não têm condições de avaliar o tamanho da área que está queimando ou o tipo de vegetação afetada, mas, podem oferecer as coordenadas geográficas do lugar onde existem ocorrências de fogo e estimativas de concentração de fumaça, etc.

Apesar de já ser considerada uma arma importantíssima no controle e combate as queimadas, as imagens de satélites possuem restrições que impedem ou prejudicam muito a detecção das queimadas como:
  •  Frentes de fogo com menos de 30 m;
  • Fogo apenas no chão de uma floresta densa, sem afetar a copa das árvores;
  • Nuvens cobrindo a região (atenção - nuvens de fumaça não atrapalham!),
  • Queimada de pequena duração, ocorrendo entre as imagens disponíveis;
  • Etc...
 Segundo o INPE, que disponibiliza os dados de foco de queimadas, o erro médio é ~400 m, com desvio padrão de ~3 km; cerca de 80% dos focos estão em um raio de 1 km das coordenadas indicadas. Os dados e produtos sobre o monitoramento de queimadas são divulgados na internet pelo INPE e sua a atualização ocorre nos seguintes horários: 04h30min, 10h30min, 13h30min, 16h30min, 19h30min, 21h30min e 23h30min (hora de Brasília), ou seja, cerca de três horas após sua geração.

Figura 01 - Mapas de queimadas disponíveis no site do INPE. Fonte: http://sigma.cptec.inpe.br/queimadas/

Quadro dos Principais Satélites utilizados no monitoramento de queimadas.

Para exemplificar a potencialidade de monitoramento, baixaram-se dados referentes a focos de queimadas de 01/01/2001 a 10/10/2011 do satélite NOAA – 15, que opera nesta faixa é o AVHRR por meio da banda 2 (0,725 a 1,10 µm), mostrando-se útil para o mapeamento de queimadas.

No que se refere ao uso de satélites de órbita polar, os da série NOAA tem como carga útil o sensor AVHRR, que é muito utilizado para estudos de vegetação e de incêndios. Este sensor possui cinco canais, distribuídos da seguinte forma: canal 1 no visível (0,6 µm), canal 2 no infravermelho próximo (0,9 µm), canal 3 na faixa em torno de 3,7 µm e os canais 4 e 5 no infravermelho termal (10,8 µm e 12 µm, respectivamente) (FRANÇA, 2005).

Figura 02 - Mapas de queimadas disponíveis no site do INPE. Fonte: http://sigma.cptec.inpe.br/queimadas/
 
Atualmente há vários satélite sendo utilizados para o mapeamento e monitoramento do fenômeno das queimadas e os dados disponibilizados de Instituto Nacional de Pesquisa Espacial têm contribuído substancialmente como podemos observar. As coordenadas geográficas dos focos atuais e do passado, bem como dados adicionais estão disponíveis em formato texto (ASCII), "shape" (.shp) padrão Google (.kmz), tanto para os focos em geral no “Banco de Dados de Queimadas” como para os detectados apenas nas Unidades de Conservação.

Figura 03 - Mapas elaborados apartir dos dados disponibilizados de INPE - http://sigma.cptec.inpe.br/queimadas/. Mapa 1 - Focos de queimadas, Mapa 2 - Mapa de densidade de focos de queimadas, Mapa 3 - Mapa de densidade de focos de queimadas e Munícipios e Mapa 4 - Mapa de densidade de focos de queimadas e Unidades do CBMPA. Fonte: Elaborado por Leonardo Sousa., 2011.


Utilizando os dados disponíbilizados pelo INPE criou-se mapas temáticos que possibilitou identificar as unidades operacionais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará que se encontram próximo ás áreas de focos de queimadas que são: 8º Grupamento Bombeiro Militar (Tucuruí), 7º Grupamento Bombeiro Militar (Itaituba), 5º Grupamento Bombeiro Militar (Marabá), 10º Subgrupamento Bombeiro Militar/Independente (Parauapebas) e 10º Grupamento Bombeiro Militar (Redenção).


Figura 04 - Mapas de densidade de focos de queimadas e unidades do CBMPA do Estado do Pará. Fonte: Elaborado por Leonardo Sousa, 2011.

Os Municípios do Sudoeste do Pará como Rurópolis, Jacaré Acanga, Novo Progresso, São Felix do Xingu, Orlândia do Norte, Santana do Araguaia etc, são alguns dos municípios que sofrem com o fenômeno das queimadas, sendo necessário a implantação de Unidades do Corpo de Bombeiros ou Grupamentos de Incêndios Florestais com homens especializados e combate a incêndio florestal (CIFA).

Assim o INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mais uma vez tem utilizado e desenvolvido tecnologias com aplicações de satélites artificiais e produtos relacionados ao tempo e clima, que podem ser utilizados pela sociedade para o monitorar de focos de queimadas e ainda estimar e prever riscos de queima da vegetação e as emissões produzidas por este fenômenos.

Fontes

Um comentário:

  1. Com um histórico de queimadas gerando mapas de kernel, fica muito mais fácil a implantação de novas unidades do Corpo de Bombeiros para prevenir novas queimadas.

    Parabéns!!!

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Representações Cartográficas

Globo - representação esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade ilustrativa.

Mapa - representação plana, em escala pequena, delimitada por acidentes naturais ou políticos-administrativos, destinada a fins temáticos e culturais.

Cartas - representação plana, em escala média ou grande, com desdobramento em folhas articuladas sistematicamente, com limites de folhas constituídos por linhas convencionais, destinada a avaliação de distância e posições detalhadas.

Planta - tipo particular de carta, com área muito limitada e escala grande, com número de detalhes consequentemente maior.

Mosaiso - conjunto de fotos de determinada área, montadas técnica e artisticamente, como se o todo formasse uma só fotografia. Classifica-se como controlado, obtido apartir de fotografia aéreas submetidas a processos em que a imagem resultante corresponde à imagem tonada na foto, não controlado, preparado com o ajuste de detalhes de fotografia adjacentes, sem controle de termo ou correção de fotografia, sem preocupação com a precisão, ou ainda semicontrolado, montado combinando-se as duas características descritas.

Fotocarta - Mosaico controlado, com tratamento cartográfico.

Ortofotocarta - fotografia resultante da transformação de uma foto original, que é um perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um plano.

Ortofotomapa - conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região.

Fotoíndice - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. É o insumo necessário para controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas de método fotogramétrico.

Carta Imagem - imagem referênciada a partir de pontos identificáveis com coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção

Revista Geografia, Conhecimento Prático, n 23, p 54. ed. Escala